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Necrohorror Edição #2 |
Desde o inicio do projeto há a preocupação em formar
uma identidade cultural para o filme “Parasitas do Lodo”. Buscaram-se
referências fortes que podiam complementar e dar o ar da graça ao curta. Decidiu-se por estilizar uma perspectiva retrô
aos trabalhos de arte. Uma parceria foi concretizada com a editora
Necrohorror, especializada em lançar revistas digitais com material voltado
para a linha de gênero terror. Possuindo leitura rápida com quadrinhos, pôsteres,
histórias repletas de sangue e um estilo incomparável de literatura que
infelizmente hoje está defasada.
Planejou-se a arte gráfica de “Parasitas do
Lodo”, embasada principalmente nas antigas revistas ilustradas, as quais
repercutiram enorme sucesso em todas as partes do mundo com suas histórias
fantásticas repletas de crimes, paixões, mortes, detetives, assassinatos,
ninfomaníacas, entre outros, e que no Brasil foram conhecidas como
Fotonovelas.
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Parasitas do Lodo |
Essas revistas surgiram nos
Estados Unidos como uma alternativa barata e popular às publicações mais
elitistas destinadas às pessoas formadas e endinheiradas quem, até à década de
90 do século XIX, liam revistas tais como a Harper’s Atlantic, The
Century e The Scribner’s. Logo após vieram à tona as Dime Novels,
encadernadas como os livros de banda, desenhada e lidas pelas grandes
massas de trabalhadores com baixos rendimentos, imigrantes e jovens com pouca
formação. As Dime Novels foram
publicadas até cerca de 1920, mas, em regra, assinala-se o aparecimento das
fotonovelas ou pulp magazines, como
eram chamadas nos Estados Unidos, em 1896 quando o editor Frank Munsey
decidiu transformar a revista The Argosy dedicada a jovens do sexo
masculino numa revista que publicava textos de ficção de vários subgêneros, transformando-a,
assim, na primeira revista de fotonovela de todos os tempos.
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May Crack Detective Stories |
Algumas das publicações iniciais
mais conhecidas foram: Pluck and Luck – Complete Stories of Adventure,
Secret Service – Old and Young King Brady, Detectives, Frank Reade – Containing Stories of Adventures on Land, Sea & in the Air,
The Popular Magazine, The All-Story Magazine (que publicou pela primeira vez uma história do Tarzan), The
Blue Boook Magazine. Estas revistas apresentavam um
vasto leque de narrativas ficcionais ou então narrativas ficcionadas de acontecimentos
reais, relacionadas com uma ou várias modalidades desportivas. Um aspecto
curioso nestas revistas foi o
espaço ocupado pelas mulheres. As personagens femininas povoavam intensamente
as histórias, por vezes, como personagens principais, mas principalmente como companheiras
ou parceiras dos personagens principais masculinos.
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H.P. Lovecraft |
Muitos dos consagrados autores do
século XX, especialmente no que diz respeito à ficção científica, histórias de mistério
e detetives e literatura fantástica, iniciaram as suas carreiras como escritores
que publicavam as suas obras nestas revistas. O título exemplificativo, indicamos nomes
como Raymond Chandler, Robert E. Howard, Ray Bradbury, Edgar Rice
Burroughs e o incontornável H.P.Lovecraft, autor de ficção de terror,
«herdeiro» de Edgar Allan Poe. Os autores que se dedicavam à escrita das
fotonovelas eram pagos à peça, frequentemente pelo número de palavras que
escreviam. Alguns transformaram-se em autênticos produtores em série de
histórias de diversos gêneros, pois, se queriam viver da escrita, tinham forçosamente
que produzir trabalho em larga escala. Enquanto alguns não foram além das
publicações nas revistas de fotonovelas, outros, como os acima
referidos, conseguiram um lugar no cânone literário, sendo reconhecidos como
autores de «literatura séria».
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Weird Tales |
Atualmente, o número de colecionadores
destas publicações é bastante elevado e certos exemplares atingem valores
consideráveis no mercado de colecionadores. Uma das mais famosas fotonovelas
ou pulp magazines de todos os tempos, a Weird Tales,voltou mesmo
a ser publicada trimestralmente, dedicando-se especialmente à ficção fantástica.
No Brasil as mais populares foram: Detetive, Suplemento Policial Revista, X-9 e Killing.
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Detetive/Detective |
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Suplemento Policial/Reporter Policial |
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X-9/Emoção |
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Killing/Top-Secret |
Seria oportuno
terminar este texto com uma questão: não estaremos nós a atravessar um
período que em termos históricos, culturais, econômicos e sociais nos «obriga»
ou faz surgir em nós a necessidade premente de nos fixarmos em espaços
imaginários bem mais fantásticos e atrativo que as nossas vidas?
Foi seguindo este conceito que a
editora Necrohorror pôde trabalhar em uma linha mais autoral, tradicional,
porém dinâmica. Para ter acesso ao material da Necrohorror é só acessar o blog
e o perfil no facebook.
Fonte das informações: Anabela
Mateus, Professora e Investigadora na Universidade Lusófona.